Feliz Natal
Aproximadamente 15 segundos. Esse era o tempo concedido pela televisão estatal a cada militar destacado no ultramar durante a Guerra Colonial, nos anos 60, para enviar uma mensagem natalícia à família e aos amigos na metrópole. Essas breves mensagens eram transmitidas repetidamente ao longo das longas horas de emissão diária. As hesitações e os erros nos discursos, especialmente na pronúncia da palavra "prosperidade", eram frequentes, gerando momentos de constrangimento e até de humor para todos os envolvidos.
Abordei este tema por ser-me familiar e por senti-lo profundamente ligado ao meu bairro — o lugar onde nasci e onde ainda vivo. Na liberdade que esse ambiente me proporciona, observei um público com percepções diversas, especialmente entre diferentes gerações. No entanto, havia algo em comum a todos: o sentimento de surpresa e reflexão.
Ser ao mesmo tempo público e actor, levou-me a sentir-me transgressor. Ao observar os observadores, essa "acção" acabou por se transformar num projecto íntimo e pessoal. (Intervenção zona comercial no bairro do Restelo).



